Como planear uma viagem?


       Planear uma viagem é das coisas mais saborosas que podemos fazer, ainda assim, é certamente das mais exigentes também. É a batalha entre a euforia de começar a desvendar o que vamos conhecer e o desgaste de condensar todo um planeamento de quilómetros de terra, séculos de história e ainda afazeres de uma vida contemporânea em escassas horas! Não parece fácil e realmente não o é. Por isto, há duas formas de viajar: planear a viagem ou simplesmente ir à procura da aventura. Não é preciso nos guiarmos por extremos, mas no que me toca a mim eu prefiro mesmo a parte do planeamento. A primeira razão: tempo é dinheiro e, em viagem, pode ser realmente muito dinheiro e pouco o tempo! Se não houver uma ideia do que se pretende fazer, até que se chegue a uma conclusão do que fazer se vai visitar agora e a seguir, já passaram algumas horas. Se não houver uma pesquisa dos preços e das condições de entrada de alguns sítios, por exemplo, vamos acabar por cair nas mais diversas armadilhas para turistas e gastar muito mais do que estava estipulado inicialmente. Ainda assim, é ótimo deixarmos um tempinho livre para relaxar ou nos envolvermos em algo inesperado que os locais têm para oferecer. Tudo depende de cada pessoa e de cada sítio. 

     1. Destino

       O destino pode ser a tarefa mais fácil de decidir. Todos nós temos aquela listinha de países e cidades que gostávamos de visitar. A quem não tem, será uma boa forma de iniciar. Começar por países mais próximos e culturalmente mais semelhantes com o ocidental, pode ser uma ferramenta-chave de aprendizagem para mais tarde se ir avançando no globo. Todos cometemos erros e é com eles que se aprende. Também é mais fácil cometê-los em Londres ou Paris, do que no Japão ou na China.
      Relevante será também dizer que há vários tipos de viagem: cidade; montanha; praia; familiar; cultural; religioso; de natureza ou de aventura, e que cada um tem um propósito diferente. 
      Há vários fatores a ter em consideração quando se opta por um local, sendo os de maior peso a altura do ano em que se pretende visitar e, claro está, o valor. Costumo dizer que cada destino é uma oportunidade e por vezes temos de ser flexíveis. Quando falo nisso refiro-me ao facto de, por exemplo, ter interesse em visitar Amsterdão mas na mesma altura fica mais rentável visitar Bruxelas. Ok, vamos a Bruxelas então! 

     2. Budget

       Claro que hoje em dia já não é preciso ter uma fortuna para se poder viagem, não, de forma alguma! Mas, sabemos que tudo tem um preço. É importante estabelecer um orçamento e isso vai desde logo dar-nos uma base do que podemos e não fazer e até onde podemos ir. Este é provavelmente o fator de maior importância e temos de assumir a nossa realidade financeira. Se começares a fazer contas e achares que vais ter de eliminar vários sítios importantes, então o melhor será adiar a viagem e quando se concretizar que seja como mereces. 
      Há várias formas de poupar dinheiro. Uma muito simples e que já fiz é colocar um euro por dia numa latinha. Ao final de algum tempo faz realmente toda a diferença! 


       Viajar é algo muito pessoal. Cada pessoa tem os seus interesses e forma de estar. Por vezes, por muito próximo que se seja de uma pessoa não se conhece realmente a 100%. A experiência tem de ser feita com alguém que se consiga estar 24h/24h. Têm de ter hábitos em comum de forma a que consigam conciliar os planos. 
      Uma maneira interessante de “testar” se conseguem ir com a pessoa A, B ou C, é imaginarem-se em diferentes situações. Por exemplo, numa ida ao museu; a um concerto de um estilo de música diferente ao que estão acostumados; a uma festa; visitar um estádio; ir comer a um restaurante mais caro; entre muitas outras possibilidades. O importante é mesmo perceber se o/os teus companheiro/os de viagem têm a mesma disponibilidade para conhecer os locais da mesma forma que tu ou como se podem ajustar todos os interesses. 
       Se por alguma razão ficares com receio de que não vais ou não te vão corresponder às expectativas, então o melhor será repensar na companhia. Afinal, as pessoas fazem o local.

     4. Como reservar?

Felizmente estamos na era onde tudo está à distância de um clique e isso facilita muito a nossa vidinha! Temos duas opções para fazer as nossas reservas: uma agência de viagens ou por conta própria.
     Sem dúvida que a primeira opção nos deixa livres de qualquer encargo e, para alguns locais, é sempre melhor ter a segurança de que se algo estiver mal temos uma entidade que nos pode ajudar a resolver determinadas situações. No entanto, acarreta mais alguns custos e por vezes ficamos um bocadinho “presos” a programas pré-definidos ou à falta deles estarem incluídos no pacote. 
      Quanto à segunda opção, é necessário dispensar bastante tempo para organizar tudo a gosto, mas pode trazer frutos ao conseguires um preço de viagem mais económico, ao facto de não haver um programa ou horários estipulados e claro, traz um maior conhecimento sobre o local. Fala com pessoas que já tenham visitado esse sítio, lê fóruns e comentários e vê vídeos, certamente vão dar uma ótima ajuda. 

     5. Transportes

Logo depois de escolhido o local que queres visitar é crucial saber como chegar lá. Para isso é importante ter em conta a distância, o tempo de viagem, o custo e a comodidade. 
Para além de como chegar, coloca-se a questão de como nos deslocamos a partir daí. É essencial fazer uma pesquisa da rede de transportes e de como funcionam. Pensa sempre nestas questões:
- Como me deslocar para o aeroporto ou estação?
- Como vou chegar ao destino escolhido?
- Como vou para o centro da cidade?
- Como me vou deslocar na cidade?
Certifica-te sempre de encontrar o horário e o meio de transporte mais compatível com a tua chegada e a tua partida. 
Além de todos os meios de transportes que possam existir, não te esqueças que a melhor forma de conhecer um local é mesmo andar a pé J

    6. Estadia

Atualmente há um vasto leque de opções de onde ficar acomodado. Mais uma vez, a escolha irá recair da experiência que se quer viver. 
Podes sempre optar pelo método mais tradicional: ficar hospedado numa unidade hoteleira e ter a possibilidade de usufruir de serviços como algumas refeições incluídas, piscina ou um quarto mais elegante. Por outro lado, podes encontrar algumas alternativas interessantes: hostels, pousadas, Air Bnb ou couchsurfing. Todas elas são uma excelente forma de reduzir custos na estadia e, acima de tudo, proporcionam uma maior partilha de experiências com locais e visitantes. Nestes casos é sempre vantajoso optar por aqueles que têm cozinha ou um espaço comum. Em viagens de longa duração ou com um orçamento mais apertado, poupar uma refeição fora faz toda a diferença. 
Para agilizar este trabalho é importante recorrer a motores de busca e ter em atenção os comentários deixados por hóspedes anteriores, pois podem sempre dar uma ajuda na decisão final. Ainda assim, há que ter em atenção que alguns dos comentários negativos são feitos de forma pouco sensata. 
     Ressalvem que o local onde ficam alojados é o mais central possível ou então que fique perto de transportes públicos. 

     7. Alimentação

Uma boa alimentação é essencial para manter todos os níveis de equilíbrio. Uma viagem é fisicamente desgastante pelo que devemos dar ao nosso corpo uma dose de vitaminas extra para que se mantenha saudável. Tudo o que não queremos é ter problemas de saúde quando estamos fora. Atenção: uma boa alimentação não é sinónimo de comer num restaurante, até porque nem sempre temos orçamento para isso, portanto há que utilizar outras estratégias. 
Uma boa dica é verificarem se o local onde vão pernoitar tem pequeno-almoço incluído. Nessa impossibilidade, optem sempre por alojamentos com cozinha partilhada. Assim, além do pequeno-almoço, podem ainda confecionar outras refeições, o que é uma ótima forma de economizar. 
Bebam muuuuita água para se manterem hidratados, mas mais importante do que beber, é saber que a mesma tem boa qualidade. Preparem pequenos snacks para comer ao longo do dia. O que costumo fazer como parte do planeamento é localizar cadeias de supermercados que estejam por perto e, claro, mercados locais. Além de serem excelentes pontos de visita, têm sempre produtos típicos para provar a preços correntes. 
As idas aos restaurantes são, por norma, onde encontramos as maiores armadilhas para turistas. Não se sintam pressionados a entrar ao primeiro convite, olhem à vossa volta e estudem todas as opções. Verifiquem a comodidade, a ementa e o preço. Ter uma boa experiência gastronómica vai acrescentar uns pontos ao local que estão a visitar e não há nada melhor do que conhecer novos sabores. 

Atenção alergénios!!

Se por acaso padecem de algum tipo de alergia alimentar, tenham cuidados redobrados com os alimentos que não conhecem. Uma boa forma de evitar uma crise, principalmente em países onde a comunicação é mais difícil, é procurar a tradução do alimento em questão. Se acharem que ainda assim pode não ser suficiente, então levem em imagens ou fotografia e como segurança um anti-histamínico, não vá algo correr mal. 

     8. Locais a visitar

O objetivo principal de qualquer viagem é conhecer os lugares mais emblemáticos. Para isso é preciso fazer uma pesquisa dos maiores pontos de interesse e, mediante o número de dias que vamos permanecer no local, filtrar os que realmente importam para nós. Mais uma vez isso irá de encontro aos gostos de cada um! Para ajudar nesta decisão há imensos sites de viagens, blogs e fóruns que são verdadeiros manuais. É importante referir novamente que, por vezes, menos é mais, ou seja, determinar ver muitos sítios quando o tempo é bastante limitado pode resultar numa má experiência. 
Verifiquem bem se o monumento que tanto querem ver tem hora de visita; se tem um custo fixo; se há algum desconto que se aplique; se por norma tem um longo tempo de espera para entrar; se há alguma regra relacionada com a indumentária... Todos estes fatores podem ser chave para que consigam uma melhor gestão do tempo e de aproveitamento da visita. 
Algo que nunca deve faltar em qualquer cidade é: ver pelo menos um museu! 

    9. Bagagem

Regra número um da bagagem: tudo o que vão levar, são vocês que têm de carregar! Ora, é claro que levar bagagem em excesso nunca é boa opção. É sempre difícil a hora de escolher o que vamos levar, porque pode estar frio, calor, pode não ser roupa suficiente, ou vários tipos de calçado podem fazer falta... Será que fazem mesmo?! Sejam seletivos. Quando estão em viagem devem sentir-se o mais confortáveis possível. Se for uma viagem de longa duração podem lavar a roupa “pelo caminho”, ou então, se for apenas uma “escapadinha” façam por cumprir as normas de bagagem de mão (dimensão/peso e líquidos), onde facilmente rentabilizam algum dinheiro. Há sempre a opção de escolher entre levar uma mala ou uma mochila, consoante preferência.
 O que nunca pode faltar na bagagem, além dos itens pessoais, são artigos tão simples como: chinelos para usar na casa de banho; uma ficha tripla ou em T; um adaptador de fichas consoante o destino; um casaco de manga comprida (independentemente da estação do ano); uma mochila pequena; e, se for o caso, além da medicação habitual, levar comprimidos SOS para vómitos, diarreia e dores.

    10. Documentos

Para qualquer cidadão é imprescindível viajar com o documento pessoal, no caso de Portugal, o Cartão do Cidadão ou o bilhete de identidade. Estes documentos permitem entrar em todos os países do espaço Schengen e ainda na Bulgária, Croácia, Chipre, Roménia e Reino Unido. Para todos os outros, é necessário apresentar passaporte e, em algumas situações, adquirir um visto. 
No caso de viajar dentro da União Europeia, para a Islândia, Lichtenstein, Noruega ou Suíça, é recomendável ter o Cartão Europeu de Saúde e Doença, cuja aquisição é gratuita e válida por três anos. Se o destino for para locais exóticos, mais do que verificar se as vacinas estão em dia, é tomar medidas preventivas e marcar uma Consulta do Viajante.  
Para cidadãos brasileiros, viajar para países como: Argentina, Uruguai, Paraguai, Bolívia, Chile, Peru, Equador, Colômbia e Venezuela, apenas requer apresentação da célula de identidade. Para os restantes, necessitam igualmente de passaporte válido e, noutros casos, também de visto. 
Uma sugestão de segurança importante é anotar no telemóvel e em papel os contactos de emergência (como o nosso 112), da polícia, do consulado ou da embaixada do país que vamos visitar. Em caso de necessidade, serão estas entidades que nos podem ajudar.
Certifiquem-se também que o vosso cartão multibanco funciona no país de destino e quais são as condições de uso. Ter um cartão de crédito como backup pode ser uma mais-valia.  E, por falar em dinheiro... No caso de viajarem para um país cuja moeda não é o euro, o mais seguro será levar um pequeno montante já cambiado e ir fazendo levantamentos conforme necessário. Um bom acessório para estas situações é instalar um conversor de moeda para perceber qual é realmente o valor que estamos a gastar para não sermos apanhamos nas milhentas armadilhas para turistas. 



Concluídos estes dez pontos, tudo aponta para uma Boa Viagem :) 

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