Mostar (Bósnia-Herzegoniva) em 1 dia - Roteiro



Sempre que estou a planear uma viagem leio muito sobre os sítios, procuro experiências na primeira pessoa em outros blogs e tenho também por hábito abrir o mapa e ver atenciosamente a forma do país, quais as cidades mais importantes e a que distância ficam umas das outras. Inevitavelmente isso leva-me para outros sítios... Vou até às fronteiras, a outras cidades e a outras distâncias. Foi assim que descobri Mostar!
Tenho por “defeito” querer sempre ver mais e quanto mais vejo mais quero ter tempo para ver. O difícil é depois condensar tudo num determinado espaço de tempo, mas até hoje ainda não me arrependi das escolhas que tomei. Mostar fica a 130km quilómetros de Dubrovnik e eu não ia lá?! Pois claro que tinha de ir! Ainda por cima a primeira fotografia que vejo é a da mítica Stari Most. Não precisei de mais nada para me apaixonar perdidamente. Que sítio mágico este! Mas nem tudo são rosas...

A Bósnia-Herzegovina sofreu a guerra mais dura da Europa depois da II Guerra Mundial, a guerra da Bósnia (1992-1995). Este foi um conflito étnico-religioso que deixou marcas profundas neste território. Morreram mais de 100 mil pessoas, foram deslocadas mais de 2,2 milhões e estima-se que tenham sido violadas entre 12 a 20 mil mulheres, maioritariamente bósnias. Ainda hoje é visível a destruição em vários edifícios no centro da cidade de Mostar. 




Aqui é a Stari Most em 1985, o principal símbolo de Mostar e que esteve na origem do seu nome.





Aqui é a cidade em 1993, quando ficou praticamente destruída, incluindo a ponte.



Foi reconstruída em 2004 com fundos croatas, sérvios, italianos, holandeses, fundos europeus e do Banco Mundial.




Hoje está assim... E é um dos sítios que já mais me surpreendeu pela sua beleza incomparável!

Talvez não consiga escolher as palavras certas para definir este sítio, mas tem qualquer coisa de muito especial.

O que visitar:

Stari Most


     Já nem são precisas apresentações :) A Stari Most (Ponte Velha), liga as duas partes da cidade sobre o rio Neretva, que tem uma cor azul fabulosa. Foi construída no século XVI e estava erguida há 427 anos antes de ser destruída em 1993. A partir de qualquer ponto onde se veja a ponte ou mesmo ao atravessá-la, a vista é fascinante!
     Se a meteorologia estiver favorável, certamente vais encontrar pessoas a saltar da ponte em troca de algum dinheiro dado pelos turistas (que loucos!!).

Mercado




     Como a maioria das cidades, Mostar tem uma parte mais recente e outra onde se encontra o centro histórico. Quando chegares ao mercado é sinal que estás a entrar nesta parte. Tudo à volta muda e parece parado no tempo. Um mercado fabuloso, com todo o tipo de artigos, muitas cores, visivelmente com traços árabes. Apetecia-me comprar TUDO!!!

     Certamente também vais reparar que há muitos objetos à venda relacionados com a guerra, nomeadamente balas e capacetes. Há quem defenda que não se deve fazer dinheiro com estes objetos que são símbolos de tempos trágicos, mas fica na consciência de cada um.




Mesquitas 

Apesar de ficar na Europa, a Bósnia-Herzegovina é um país maioritariamente muçulmano. Isso é claramente visível pelo número de mesquitas que vais encontrar ao longo do caminho.

Karadojoz-Bey


     A Karadojoz-Bey é a mesquita mais importante da cidade e a maior da região. Foi bombardeada durante a guerra e posteriormente restaurada.

Koski Mehmed Pasha 


  
     O acesso para esta mesquita é discreto, mas a entrada leva-te a um pequeno pátio onde tens de olhar bem para cima para conseguir alcançar o topo do minarete. São 75 degraus em caracol até ao topo e, segundo o que li, é outro dos pontos mais priviligiados para ter uma vista sobre a cidade. Infelizmente quando cheguei à mesquita já estava fechada e por isso não deu para visitar por dentro. Espreitei por um dos vidros da entrada e parecia igualmente bonita por dentro tal como é por fora.
     Já ia preparada e levei um lenço para cobrir a cabeça. No entanto, se não tiveres e visto ser um ponto de interesse turístico, eles fornecem um à porta (atenção: não percebi se era necessário pagar mais por isso). Aproveito para dizer que, fora nas mesquitas, não é necessário outro cuidado em relação à indumentária.
Preço: 3€




     Passear pelas ruas da parte antiga da cidade é por si só um passeio fantástico. Sinceramente, fiquei deslumbrada com esta cidade e tenho pena que a chuva não tenha dado tréguas. Sinto que fiquei com muito por conhecer.
O que comer:

    A gastronomia nestes países dos Balcãs é muito semelhante e, na verdade, pouco variada. Reina o cevapi e os pratos de várias carnes que já tive oportunidade de falar. Também como já disse várias vezes em diversos artigos, quando estou em viagem opto por fazer almoços mais leves, e com isto refiro-me a sandes, por uma questão de poupar tempo e dinheiro. No entanto, uma vez que estava num país diferente, fazia todo o sentido ter aqui uma experiência gastronómica. A ideia era uma: cevapi outra vez :P Como o prato estava escolhido e o preço era bastante apetecível, uma média de 5€ mesmo na zona central, decidimos que então íamos optar por aquele que tivesse a melhor vista. Isto é uma raridade acontecer. Não escolho os restaurantes pela comodidade, escolho pelo preço e pela aparência no que toca a limpeza, mas vezes não são vezes.



     Esta era então a vista que tínhamos... Melhor era impossível! O que acontece a seguir é que a vista não se ficou pela Stari Most e colou-se literalmente ao prato acabado de servir na mesa ao lado de duas turistas (não venhas dizer que é feio olhar para o que os outros estão a comer, sim? :)). Obviamente que acabámos por dizer ao senhor que queríamos exatamente o mesmo e claro que, olhando para esta travessa, não pode haver arrependimento nenhum pelos 30€ que pagámos ao invés dos talvez 15€ que iríamos pagar apenas pelo cevapi.


(Nota: comia isto tudo agora mesmo outra vez!!)

(Nota 2: Já leste o roteiro de Dubrovnik? No ponto de “O que comer”, afirmo que o jantar estava bastante bom, mas que comi melhor por menos? Um dos exemplos está aqui!)

Moeda:

     A moeda utilizada na Bósnia-Herzegovina é o marco convertível. Fazendo a conta para euros, 1 marco são 0.50€, ou seja, sempre cerca de metade. Por sua vez, aqui aceitam marcos, euros e kunas croatas, pelo que não compensa trocar dinheiro.
     Se quiseres utilizar kunas, a conversão é pelo dobro, ou seja, 2 marcos são 4 kunas.

Custo de vida:
     Mostar está a reerguer-se e a renascer e por isso ainda não é uma cidade tão turística como acredito que venha a ser daqui a uns anos. Ainda assim, tem mais visitantes do que estava à espera. Os preços são bastante acessíveis mas acredito que não sejam os praticados no país, isto é, calculo que seja ainda mais barato noutras zonas. Já falei sobre o nosso almoço e a pequena extravagância que fizemos. No entanto, logo à entrada da parte mais antiga da cidade, havia oferta de pratos e snacks por 3€ e 4€. Tal como disse, cevapi (que é sem dúvida o mais popular) custava 5€ mesmo no centro. Também em vários pontos havia venda de gelados a 0.50€ (e por causa da chuva já não comi nenhum :().
  
Como chegar:

     Parti de Dubrovnik já a meio da manhã e a ideia era chegar a Mostar pela hora de almoço. Foram cerca de três horas de viagem, mais uma vez com controlo de fronteiras. Ainda assim, perdemos algum tempo porque o GPS indicou um caminho em que a fronteira estava fechada e tivemos de voltar uns bons quilómetros para trás.
     O ponto seguinte a visitar dentro da Croácia eram os Lagos Plitvice, pelo que considero que Mostar foi apenas um desvio no percurso até lá chegar :P valeu cada quilómetro!
Se não tiveres carro, há muitas tours que saem diariamente de Dubrovnik em direção a Mostar, tal como acontece com Kotor, no Montenegro.

Onde estacionar: 

     Talvez tenha sido o sítio onde foi mais fácil estacionar e de forma gratuita. Assim que vimos indicações da Stari Most, estacionámos o carro no primeiro lugar que encontrámos. Talvez tenha ficado a um pouco mais de um quilómetro, mas se é para explorar a cidade, então que seja a pé :)

Documentos:

     Mais uma vez, esta é uma questão controversa. Eu nenhuma das vezes que atravessei a fronteira com a Bósnia-Herzegovina me foi pedido passaporte (não te esqueças que para chegar até Dubrovnik é preciso passar uns quilómetros por este país). Apenas apresentei cartão de cidadão. Mas, mais uma vez, de muito o que li e pesquisei, há quem lhe tenha sido pedido.




     Esta foi uma das cidades que mais me surpreendeu nesta viagem. É muito singular, com um ambiente próprio, uma cultura completamente diferente ao que estamos acostumados na Europa e com muuuito para explorar. Ficou uma vontade enorme de voltar e conhecer mais. Às vezes as melhores surpresas estão onde menos esperamos e Mostar foi a cereja no topo do bolo.
     No entanto, por trás de toda esta beleza, relembro a principal mensagem: 






Outro artigo de interesse:

8 dias pelos Balcãs - Roteiro


Segue as minhas aventuras no Instagram :)

Comentários