8 dias pelos Balcãs - Roteiro



    A Península dos Balcãs faz parte do sudeste da Europa. Estes países têm uma complexa e conturbada história. É o sítio da Europa onde houve a mais recente guerra e ainda hoje há marcas visíveis. Felizmente, as feridas vão sarando e o turismo tem tido um contributo importante no reerguer desses países.
    A Croácia, apelidada da Pérola do Adriático, é o que mais se tem destacado no crescimento deste setor e isso deve-se pelas suas cidades amuralhadas, paisagens naturais e praias de água cristalina. Como se isto não fosse um excelente cartão de visita, a série Game of Thrones veio despoletar uma enorme curiosidade por estas terras que serviram de cenário a vários episódios ao longo das oito temporadas. Ainda assim, a Croácia é bem mais que isso, muito mais na verdade! Até podes ir por ter o bichinho da série, mas quando lá chegares vais ser a última coisa de que te vais lembrar :)
    
    Há muito tempo que queria ir à Croácia. E não, não era Dubrovnik ou Zagreb os primeiros sítios da minha lista. O que me fez ganhar este interesse foram mesmo as imagens azul turquesa dos Lagos Plitvice. Tudo o resto veio ganhando força com o tempo. Quando se deu a oportunidade, o difícil foi escolher quais as cidades a visitar. São todas tão encantadoras e charmosas! Começando a juntando as peças, tornou-se indispensável dar um pulinho até Kotor, no Montenegro, e a Mostar, na Bósnia-Herzegovina. Mais duas cidades surpreendentes que valem por tudo.
    Eu sabia que ia ser uma grande viagem, mas superou em tudo as expectativas!
    Preparado para esta aventura? :)

Por onde andei:

    Foram oito dias, sete cidades, três países, 1.643km de estrada, praticamente 20km a pé por dia. Foi assim que me rendi aos Balcãs e às suas cidades maravilhosas!  

Roteiro - Zagreb em 1 dia
Roteiro - Zadar em 1 dia
Roteiro - Split em 1 dia
(os roteiros serão anexados brevemente)

Como chegar à Croácia:

    A Croácia está no pico mais alto do turismo e por isso claramente que os preços subiram consideravelmente, especialmente na época de verão. Por isso, decidi ir em maio, altura em que as temperaturas já estão mais favoráveis e os valores ainda se consideram de época baixa.
    Pesquisei muito sobre as opções de ligações que tinha até à Croácia e, na verdade, há inúmeras. A questão mais importante é avaliar quais são as mais viáveis a nível de preços e horários.
    Existem voos diretos, substancialmente mais caros, por companhias como a TAP ou a Croatia Airlines. Como eu não me importo de fazer escalas, foquei-me mais nas low cost, especialmente a Easyjet. A primeira aposta era Lisboa – Milão – Split, mas os voos para Milão estavam mais caros do que o normal e no voo de regresso (Milão – Lisboa) tinha apenas 1h40 de intervalo, o que achei muito arriscado. A ideia era ir um dia antes para conhecer Milão e isso implicava o custo acrescido de mais uma noite.
    Considerando estes fatores, encontrei outra alternativa: um voo pela TAP para Basel, na Suíça, a 35€. Isso mudou tudo! Como tenho lá família, fiz uma paragem de dois dias e só depois fui para a Croácia. Portanto o esquema foi este:
Ida:
Lisboa – Basel (TAP)
Genebra – Split (Easyjet)
Regresso:
Split – Genebra (Easyjet)
Genebra – Lisboa (Easyjet)

    Na Suíça os aeroportos são diferentes porque ficam praticamente à mesma distância da cidade para onde ia, La Chaux-de-Fonds. O regresso (Split – Lisboa) foi feito no mesmo dia, com escala em Genebra de cerca de 7h, que ainda deu para dar uma voltinha na cidade.
    O melhor de tudo? Foi o valor total dos quatro voos, que ficou por 114€!! Um bom negócio, não foi? :P 

    Quanto à Croácia, tem seis aeroportos: Zabreb, Rijeka, Pula, Zadar, Split e Dubrovnik.

Onde ficar:
    
    O alojamento na Croácia é feito sobretudo em apartamentos pessoais. Digamos que é um conceito entre as nossas pensões e o AirBnb. Basicamente é um andar/prédio com vários quartos. Fiquei surpreendida pela positiva em todos os que pernoitei, especialmente pela relação qualidade/preço, já que a maioria tinham sido renovados recentemente. Claro que os valores variam de cidade para cidade, mas adianto que para sete noites o valor total foi de 212€ para duas pessoas.
Vou indicar os alojamentos no roteiro de cada cidade.

Alugar carro:

Rent a car:
    Se queres conhecer mais do que uma cidade, então é fundamental alugar carro, só desta forma tens a mobilidade desejada. Eu aluguei na Avax Rent a Car e fiquei bastante satisfeita. Foram 210€ (duas pessoas) com seguro contra todos os riscos, sem franquia, quilómetros ilimitados e ainda com o documento que permite atravessar outras fronteiras.
    Este último ponto é muito importante! Se quiseres ir ao Montenegro, à Bósnia-Herzegovina ou outro país dos Balcãs, é necessário teres um documento que permita essa travessia. Vi algumas rent a car que cobravam um valor diário e outras que iam até aos 85€. Portanto, só o facto de ter isso incluído já compensava.
    Não tenhas qualquer receio por esta ser uma companhia local e daí menos conhecida. Foi um ótimo serviço.
    Eu levantei e devolvi o carro em Split. Se pretendes entregar numa outra cidade, garante que é possível com a companhia que escolheste. 

Estradas:
    Todas as estradas em que andei estavam em boas condições. No entanto, a Croácia tem apenas uma autoestrada, todas as outras são estradas nacionais. Sendo um país com características montanhosas, é certo que o tempo a percorrer é superior ao desejado. Na autoestrada o limite de velocidade máximo é de 130km/h e nas nacionais 80km/h.
    O que me aconteceu foi que muitas estradas estavam em obras e só se circulava num lado da via. Juntando a isto, atravessar as fronteiras leva algum tempo. Para ir ao Montenegro, por exemplo, um trajeto que o GPS dava 1h40 levou-me praticamente 3h! Pode ter sido azar meu encontrar esses trabalhos, mas conta com mais tempo do que o Google Maps indica.

Portagens:
    Tal como em Portugal, na Croácia as portagens são pagas e os valores são muito idênticos. É retirado o ticket no início da viagem e a cobrança é feita no pórtico à saída. Os valores são apresentados em kunas e em euros, o que é bom para termos uma noção de quanto estamos a pagar.

Combustível:
    O combustível estava mais barato do que em Portugal, o que também não é difícil por esta altura... O valor do gasóleo era cerca de 0.15€ inferior e cerca de 0.25€/0.30€ a gasolina. Fiz alguns pagamentos com cartão e não houve problema nenhum, mas foi cobrada uma taxa de pagamento.


Estacionamento:
    Uma das coisas mais chatas que temos no dia a dia é andar à procura de estacionamento. Pois bem, nestes três países e em todas as cidades, isto é uma realidade. Praticamente todos os estacionamentos são pagos e atenção, alguns são bem caros! Em Dubrovnik é muito difícil estacionar nas imediações das muralhas e em Zagreb a cidade está dividida por zonas. Nos locais onde não encontrares parquímetro, o bilhete tem de ser tirado nos quiosques Tisak.
Procurei todos os alojamentos com estacionamento ou pelo menos com facilidade disso e foi a melhor opção. No artigo de cada local abordo cada exemplo.

O que comer:
    
    Não é, de longe, o país com maior variedade gastronómica, mas tem coisas muito boas para comer. Fiquei fã de cevapi, que são rolinhos de carne de vaca grelhados. Outro prato bastante típico é uma variedade de carnes grelhadas que tem cevapi, bife de franco, espetada de franco, bife de vaca, acompanhado com batatas fritas, salada e um molho típico. Tinha um nome diferente nos vários restaurantes, por isso não sei precisar o termo específico, mas ao veres nas imagens será facilmente identificável.
    A costa da Dalmácia tem uma forte influência italiana, além do Império Romano, a República de Veneza governou esta zona por centenas de anos o que faz com que haja um restaurante italiano em cada esquina. Tinha lido que tanto a pizza como algumas massas eram melhores aqui do que em Itália. Pode parecer exagerado, mas comi coisas realmente muito boas! 
    Por outro lado, se tal como eu quiseres poupar em algumas refeições e fazer snacks, principalmente ao almoço, as cadeias de supermercado mais populares são o Lidl, e o Konzun.

Custo de vida:

    Se vais conhecer diferentes cidades prepara-te para encontrar diferentes custos nos produtos e até nos alojamentos. Devido ao nível de turismo, Dubrovnik é consideravelmente a cidade mais cara deste roteiro. Para fazer um melhor grau de comparação, é tudo muito semelhante aos preços praticados em Lisboa, que é uma capital europeia. Um jantar custa em média 15€ por pessoa (prato + bebida) e, quando digo isto, significa que mais facilmente encontras preços acima do que abaixo deste valor. A cerveja mais barata ficou por cerca de 2.40€ e normalmente ronda os 4€. Nas outras cidades, como Split ou Zagreb, uma refeição já fica facilmente por 7€. O mesmo acontece em Kotor e Mostar, com sorte um bocadinho menos.

Trocar moeda:

    Apesar de fazer parte da União Europeia, a moeda utilizada na Croácia é a kuna croata. A conversão para euro equivale mais ao menos a 1€ = 7 kunas. O melhor a fazer neste tipo situações é ter um conversor no telemóvel que te permita confirmar todos os preços. Esta é uma forma muito fácil de enganar os turistas menos atentos.
    Quanto ao câmbio, há imensas lojas em todas as cidades, especialmente em Dubrovnik. Quando há muitas é bom sinal, significa que vão cobrar taxas idênticas. Eu fiz a primeira troca de moeda no aeroporto, o que significa uma perda superior, mas precisava mesmo de já levar algum dinheiro comigo.

Quando visitar:
    
    Esta é uma pergunta que se impõe muitas vezes. Para mim visitar sítios muito turísticos, como neste caso Dubrovnik, só pode ser fora da época alta. Em primeiro lugar os preços são mais simpáticos e depois também há que fugir ao turismo de massa que não deixa aproveitar os lugares como eles merecem.
    Eu aconselho maio ou setembro. É uma altura em que o tempo está mais agradável, dá para aproveitar bem as cidades e também fazer praia. Ainda que haja muita gente, tenho a certeza que não se compara ao mês de julho ou agosto.

Documentos necessários:

    Os documentos necessários para esta viagem vai depender dos países que queres visitar. Para a Croácia o Cartão de Cidadão é suficiente, já que faz parte da União Europeia. No entanto, há aqui uma situação caricata: a Croácia tem um enclave a sul onde obrigatoriamente tens de atravessar 12km pela Bósnia-Herzegovina para ir até Dubrovnik. Aqui há dois controlos fronteiriços onde tens de apresentar documentos. No meu caso apenas foi necessário o CC. Já para o Montenegro, a realidade é diferente… Certamente vais encontrar diversas opiniões, mas eu falo da minha experiência. Tinha lido relatos de pessoas que precisaram de passaporte e outras que não. Eu precisei. Sinceramente, jogando pelo seguro, o melhor será levar.
    Outro que nunca deves esquecer é o Cartão Europeu de Saúde e Doença.

Roaming:

    O roaming terminou em 2017 para a União Europeia e foi das melhores notícias que podíamos ter recebido. Portanto, para a Croácia podes estar conectado da mesma forma que estás no teu país de origem de acordo com as características do teu tarifário. Já para o Montenegro ou a Bósnia-Herzegovina, o melhor é estares quietinho, já que é um dos roamings mais caros da Europa!
    Faço um alerta especial na ligação de dados ainda próximo da fronteira. Por a teres atravessado de forma terrestre, não significa que o sinal que estás a apanhar já seja desse mesmo país, conta o que tem a rede mais forte. Isto é, podes estar na Croácia, mas o sinal é do Montenegro. Conclusão: paga, paga, paga e paga! A solução é sempre pesquisar a rede de forma manual e não automática.

    Estes são os pontos chave que precisas de ter em conta para o planeamento da tua grande viagem aos Balcãs. Já estás entusiasmado? Então nem imaginas a realidade que te espera :)

Segue as minhas aventuras no Instagram :)

Comentários