O dia em que me tentaram roubar em Barcelona

         
           

    Foi uma visita relâmpago, mas deu para perceber como Barcelona é uma cidade incrível. Cheia de cor, movimento, com identidade própria e cheia de carisma. É impossível não agradar a quem a visita. Tem espaços para todos os gostos e todas as idades. Recebe diariamente milhares de turistas e na cidade habitam 1,6 milhões de pessoas. É uma das cidades mais visitadas da Europa e das mais cobiçadas do mundo.
    Há muito tempo que tinha curiosidade em visitar Barcelona, apenas ainda não tinha surgido a oportunidade. Durante as férias de verão que passei em Lloret del Mar, fiz uma breve visita pelos principais pontos turísticos da capital da Catalunha. A Sagrada Família é realmente impressionante e para os amantes das viagens é um local de visita obrigatório. À noite fui até ao Montjuic para ver o famoso espetáculo de luzes e água na fonte luminosa. Durante uma hora é difícil virar o olhar pelo deslumbre que aquilo causa. Esplêndido! É por ser tão bonito que por aquela hora se juntam milhares de pessoas para admirar o espetáculo. É por estarem tantas pessoas no mesmo local que é necessário redobrar o cuidado com os carteiristas.
    Até ao momento (data que vos escrevo) estive em 19 países, mais de 30 cidades, e nunca tinha tido qualquer problema deste tipo. Sei que é necessário ter atenção e alguns cuidados em determinados sítios, mas sempre me senti descontraída e confortável nos locais por onde passei. Por vezes, estar com o pensamento que alguém nos pode fazer mal ou roubar as nossas coisas, faz-nos ter comportamentos estranhos e quem faz disto vida percebe imediatamente quem são os alvos mais fracos. Já partilhei quarto com muitas pessoas, já deixei todos os meus pertences ao lado de camas ocupadas por alguém que nunca lhes vi o rosto, já dei o telemóvel a desconhecidos para me tirarem fotografias, já encontrei estranhos na rua com quem partilhei ótimas conversas, já adormeci muitas vezes com a mochila ao lado e ao alcance de qualquer um, apenas nunca tinha sido atingida de forma flagrante pela mão malvada de alguém!
    Enquanto admirava a beleza da mistura entre as luzes e a água, senti a minha mala ganhar um ligeiro peso. Olhei imediatamente para trás e percebi que a senhora que estava atrás de mim tinha acabado de tentar roubar a minha carteira. Conseguiu abrir a parte de fora da mala, mas como a carteira é grande era impossível tirar sem que desse conta. Já todos pensámos como seria a nossa reação em algumas situações e, claro, já tinha pensado nesta. Obviamente não foi como tinha imaginado. Falei alto e disse que achava que a senhora me tinha tentado roubar. Ela permanecia ao meu lado e olhei-a diretamente nos olhos, cheia de fúria e sinceramente com vontade de lhe bater. Ela sentiu-se comprometida com a situação e pediu ao companheiro dela, que entretanto tirava fotografias ao local como forma de distração, para irem embora. Eu continuei incrédula com a situação e não deixei de a olhar. Ela desviava constantemente os olhos e, da forma mais calma que conseguia, insistia para ir embora. Foi. Não teve sucesso comigo, mas tenho a certeza que teve com outras pessoas. Fiquei com uma revolta enorme de sentir que aquela mão estava de forma consciente e propositada a fazer algo mau, que sabia que estava a prejudicar alguém. É a forma mais injusta de ficar sem alguma coisa. Talvez me tenha servido de lição para ser mais cautelosa e perceber que nem todos os seres humanos se respeitam mutuamente.

    Não deveria ser necessário, mas enquanto turistas e para nosso benefício, temos de evitar alguns comportamentos de risco.

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