Eu por lá: A infância

 



Esta é a segunda história. Vê a primeira no artigo principal. 

    Assumo este espaço como o meu caderno de memórias. Jamais o poderia fazer e ficar completo sem falar de Sesimbra. Não sei precisar quantos anos foram, mas Sesimbra é o sítio das minhas férias de infância. 
    Todos os anos, penso que à segunda-feira de madrugada, era uma excitação incrível! Fazer uma viagem não era tão simples como agora, então já sabia que em alguma hora o meu pai ia esticar o mapa de papel para delinear o caminho a seguir. A minha mãe andava na loucura da preparação das malas e, claro, da comida… Era certo que bifanas iam prontinhas. Nunca saíamos de casa à hora combinada. Isso gerava sempre aquele stress e discussão antes da partida (quem nunca, não é?). Aliás, este ponto dá que pensar… Antes de partirmos para férias há sempre um desgaste tremendo em preparar tudo. Sim, a mim também me acontece, mesmo já tendo feito tantas viagens.
    Uma vez tudo pronto, era altura de rebaixar os bancos, carregar o carro e fazer uma cama improvisada para eu dormir durante a viagem. Talvez fossem, na altura, umas quatro horas de caminho da Covilhã até Sesimbra. Sempre que acordava dos sonos de ratinho de uma criança que está super empolgada para ir para a praia, a minha maior preocupação era ver se a nossa “casota”, o carinhoso apelido que dava à nossa roulotte, ainda estava atrelada ao carro. Sabes lá a felicidade que sentia por ir com a “casota”. 


    Eram dias muito felizes entre os mergulhos no mar e o parque de campismo. Uma das maiores lembranças que tenho era quando o meu pai chegava de manhã com a “arca” cheia de gelo e o peixe fresquinho comprado na lota, acabadinho de chegar do mar para o almoço. 


   Aqui o mar era sempre calmo, a água sempre transparente, sentia-me num verdadeiro paraíso. Nunca podia deixar de visitar o meu amigo coelho, que ainda hoje está à porta de um quiosque. Era obrigatório comer arroz de tamboril e peixe espada. 
    Sesimbra é uma vila, mas na altura parecia-me tão grande! Percebi isso quando fiquei alguns anos sem lá ir e isso deu tempo de crescer uns centímetros. É incrível como é tudo tão diferente visto pelos olhos de uma criança. Há ali um cheiro que é característico e isso leva-me a recuar uns 20 anos. 
    Se o meu gosto de acampar não vem de pequena, então não sei de onde vem... Mas devo-o ao meu pai de certeza! Foi assim que passei férias durante muito anos. Desde muito cedo comecei a acampar também com os meus amigos e isso manteve-se, religiosamente, até à idade adulta. Já não o faço há uns cinco anos, por isso parece-me que está na altura de levar a tenda a apanhar ar. 
    A “casota” já não existe, mas aqui fica a homenagem a ela de tantos verões felizes que me proporcionou. 







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