O dia em que a Notre-Dame ardeu
Hoje estou triste. Estou realmente muito
triste. Se costumas acompanhar o blog sabes que quando lês “O dia em que...” é
porque vou contar alguma peripécia alucinante ou histórias das minhas viagens,
mas hoje a história é outra.
Eram 18h30 quando vi a primeira notícia no feed
do meu Facebook e a primeira reação que tive foi ver qual era o meio de
comunicação que estava a partilhar. Pensei sinceramente que era a Imprensa Falsa a fazer das suas piadas
de humor negro, que tantas vezes me fazem rir. Não era. Nos milissegundos
seguintes, o pensamento virou-se para o “deve ser um pequeno incêndio,
facilmente controlado com um extintor”. Até que as fotografias começam a fazer
jus à realidade.
Liguei imediatamente a televisão e fiquei
pasmada com o que estava a ver. Poucos minutos depois, é quando o pináculo cai e
é aí que realmente me apercebo da dimensão da tragédia. Sabes a comparação que
consigo fazer? O momento em que vi em direto a segunda Torre Gémea a cair. Um
monumento tão impetuoso a ficar reduzido a escombros e pó. Aqui, foram os séculos
de História a sucumbir à força das chamas, em que tudo fica reduzido a
escombros e pó.
Hoje, a Cidade Luz, é iluminada pelo fogo. Hoje
perdemos um monumento que é um símbolo da História dos franceses, dos europeus
e de todos os cidadãos do mundo. Não há muitas palavras que consigam traduzir
esta tristeza. A Catedral de Notre-Dame levou duzentos anos a ser construída e
apenas algumas horas a ser consumida. Com este incêndio morrem memórias de nove
séculos de História, morre parte de uma verdadeira obra de arte.
Paris foi a primeira cidade onde
parei quando fiz o meu InterRail em 2014. Tenho por hábito escolher um sítio
bonito para fazer algumas refeições, com uma vista privilegiada e, assim que
cheguei, optei pela Notre-Dame, onde às 7h e pouco da manhã tomei o
pequeno-almoço, lá sentada num banquinho. Lembro-me que estava frio, o sol ainda
estava baixo e começaram a ver-se então os primeiros raios de uma manhã de
setembro. Ainda assim, quis ficar ali. Estavam os primeiros turistas do dia a
chegar e ainda não havia fila. Espreitei lá para dentro, mas não entrei. O
budget não era avantajado e pensei “se não visitar hoje, é garantido que visito na próxima vez”.
Não há nada que me faça mais feliz
do que viajar, conhecer sítios novos e outras culturas, por isso é que também
não me importo de repetir destinos. Se gostei, se me senti bem, se fui feliz,
porque não haveria de voltar? Regressar a Paris é algo que está na lista das
próximas viagens, mas já não é garantido que “a visito na próxima vez” como
tinha afirmado com tanta certeza, pelo menos da mesma maneira.
A única certeza que tenho é que hoje o
mundo ficou mais pobre.
Deixo esta fotografia do dia em que
a conheci, que é o jeito em que a quero recordar e é a forma que futuramente
quero acreditar que venha a ter outra vez.
Comentários
Enviar um comentário