Como visitar as Minas da Recheira (Covilhã)



    Quem passa pela estrada de curva contracurva no Barco, no concelho da Covilhã, dificilmente vai olhar para o acesso ainda de terra batida do lado direito. Mesmo quem entra no recinto e vê de cima, não faz a mínima ideia do que está aqui por baixo… Bem-vindo à Quinta das Minas da Recheira!

    
    Este é o complexo de uma antiga exploração mineira de estanho e volfrâmio, minério abundante nesta região (aqui mesmo ao lado ficam as Minas da Panasqueira que têm 6 mil quilómetros de túneis e o volfrâmio mais puro do mundo!). Foi encerrada há mais de 50 anos mas agora, após cinco de recuperação, abriu ao público este verão. E ainda bem! Foi a primeira vez que visitei umas minas e fiquei deliciada com o que encontrei :)


    Antes de se iniciar a visita, o Sr. Luís António, um dos empreendedores deste projeto e também o guia, fez uma contextualização histórica deste local e uma breve introdução ao que íamos visitar nas próximas três horas. Fiquei a saber que estas minas eram conhecidas como as “Minas do Alemão”, imagine-se porquê, porque em 1966 eram exploradas por alemães! Estiveram ativas apenas durante cinco anos e, nesse último ano, foram declaradas duas toneladas de estanho provenientes deste complexo mineiro. No pico da sua atividade chegaram a trabalhar aqui 200 pessoas!


    Foi em 1996 que fechou de vez, isto porque as ainda “Minas do Alemão” tiveram várias funções: numa primeira fase servia para extrair minério, numa segunda e mais duradoura, traziam minério de outros sítios para o trabalhar aqui, mantendo assim a infraestrutura parcialmente ativa.


   Aqui existem cinco galerias mineiras, no entanto, durante o percurso apenas são visitadas três, uma vez que as restantes não têm tanto interesse “turístico”. Os corredores são bastante largos, arejados, iluminados e há sempre por perto uma saída de emergência. Na Mina 1, por exemplo, a entrada é sempre visível.


    Mas vá, quanto à iluminação, é óbvio que está iluminada a parte por onde é feito o percurso. Não é chegar ali, ligar um interruptor e puf, faz-se luz! Não. Isso até fazia perder toda a magia. A maioria dos corredores estão no seu estado natural, completamente às escuras. Tivemos oportunidade de percorrer um pequeno troço assim, apenas com uma lanterna para guiar o caminho. Foi mesmo muito interessante perceber, ainda que por meros segundos, como é que é estar na pele de um mineiro. Esta é uma das profissões mais perigosas do mundo e não é difícil perceber porquê. Eu estava ali com todas as condições de segurança, com luz e acompanhada, fizemos a experiência de desligar a lanterna e nesse momento fez-se silêncio. Passaram-me muitas coisas pela cabeça, mas tentei sobretudo imaginar-me ali, sozinha, às escuras, rodeada de pó e pedras. É mesmo de louvar estes trabalhadores! 


    Cada corredor é uma autêntica surpresa! Há vários manequins que vão fazendo perceber o trabalho desenvolvido dentro da mina, alguns com instrumentos originais da época. Entre vários, tivemos oportunidade de conhecer a geóloga Olga e este aqui, é o Sr. José :D


    Aqui dentro há todo um mundo a descobrir e algumas partes são mesmo encantadoras, como a Fonte da Juventude.


    Aprendi a identificar filões, que são a parte da rocha onde está o minério. Aqui nesta parte mais clara há quartzo, estanho e volfrâmio. Não tenho nenhum conhecimento sobre este tema e, se para mim foi fascinante, nem consigo imaginar para quem é desta área!


    Também fiquei a saber que a galeria mineira era aumentada de metro a metro. Isso mesmo, de 60 em 60 centímetros! Eram feitos uns buracos onde se colocavam os explosivos, denotava-se, limpava-se a área e ia-se progredindo assim, lentamente, em busca de mais filões. Por vezes o entusiasmo era tanto que se chegava à superfície e ficava um buraco para a rua :P


    É impossível passar a beleza e a magnitude deste sítio e o melhor exemplo é mesmo este salão. É lindo!!! Pode ser alugado para convívios ou festas. Portanto, imagina só um jantar aqui :P


        Não tive esta experiência, mas o resultado final é mais ao menos assim :)

Fotografia Quinta das Minas da Recheira 

    Se te estás a questionar se não seria um convívio um pouco claustrofóbico, a resposta é não. A zona é bastante espaçosa e rapidamente nos esquecemos onde estamos.

    Esta mina tem uns habitantes muito especiais… Uma colónia de morcegos de duas espécies! Numa das galerias conseguimos ver um grupinho destes bichinhos. São completamente inofensivos e estavam lá no alto na vidinha deles. Por esta razão, o morcego tornou-se a mascote e imagem destas minas. Chama-se Rechinho :P


    Foram três horas disto e muito, mas muito mais nas minas da Recheira. Para acabar a visita em beleza ainda nos foi oferecida uma ginjinha caseira deliciosa!


    É certo que já iria trazer muitas memórias comigo, mas mais do que a ginjinha, também tivemos direito a uma amostra de material extraído desta mesma mina. Estes pequenos gestos tornam os lugares especiais :)


    A área do complexo é mesmo muito grande e ainda está a crescer. Neste momento é possível visitar as minas e fazer percursos pedonais. Por aqui passa, por exemplo, a Grande Rota do Rio Zêzere. No futuro vai ter disponível alojamentos locais dentro da própria quinta, assim como está projetada uma plantação de cogumelos e uma adega em duas minas que têm menos interesse geológico.


    Este programa tem um custo de 10€ por pessoa e requer marcação. Se queres fazer uma atividade diferente na zona da Covilhã e até na Beira Baixa, aqui fica uma sugestão que certamente te irá surpreender :) Há duas visitas diárias, uma de manhã pelas 9h30 e outra pelas 15h. 

    Sendo natural deste concelho, apesar de não residir cá atualmente, este é o tipo de projetos que a região centro precisa. Nem imaginas os tesouros que há por aqui!



Como chegar:

    A Quinta das Minas da Recheira fica na freguesia do Barco, no concelho da Covilhã, a cerca de 30 minutos do centro da cidade. O GPS não tem a localização exata, por isso, o mais fácil é seguires estas coordenadas: ANOS: 40º 09´ 55,43 ”N - LONG: 7º 37´ 26.67” O. Ao encontrares esta placa, segue o caminho de terra batida e logo encontrarás o portão de entrada. Tem estacionamento no interior. 

    


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