O dia em que o meu voo foi cancelado
Costumo marcar as viagens com alguma antecedência, entre três a quatro meses. Assim consigo encontrar preços mais baixos e
também me permite criar uma logística financeira mais favorável. A estratégia
tem passado por comprar o voo num mês, marcar o alojamento no seguinte, alugar
carro ou juntar algum dinheiro no anterior à partida. Tem corrido muito bem e
assim não custa nada.
Esta foi marcada em agosto. O destino ainda não estava definido por
isso as pesquisas foram um pouco aleatórias. A única “exigência” que tinha era
ir a uma cidade nova. Eu e o meu namorado sentámo-nos no sofá, cada um com o
seu computador em busca da melhor oferta. Geralmente cada um puxa um pouco a
“brasa à sua sardinha”, porque obviamente cada um tem os seus gostos
individuais, mas neste caso a pontaria foi certeira… E se fossemos a
Estocolmo?! Bora!! Os voos Lisboa – Basileia, Basileia – Arlanda e depois o
regresso, estavam a 77€. Era um preço
mais do que justo para quatro voos, os horários eram bastante bons, portanto
não houve sequer margem para dúvidas. Marcámos. Parece mentira, mas foi tão
fácil como aqui está descrito. Ficámos mesmo muito contentes. Rimos da situação
por ter sido tão simples e assim estava escolhido o último destino de 2019.
Umas semanas mais tarde chega um email da Easyjet a informar que o voo
tinha sido cancelado porque iam fechar essa rota. Como assim fechar a rota?!
Não sabiam ter pensado nisso antes de pôr bilhetes à venda?! Que ia fazer
agora?! Até já tinha alojamento marcado! E, diga-se de passagem, sendo um país
nórdico, não foi tão barato quanto isso… A verdade é que a Easyjet avisou com
mais do dobro do tempo legal, por isso não havia muito a alegar. Também
podíamos receber o reembolso do valor dos bilhetes ou remarcar para um destino
à nossa escolha sem qualquer custo adicional. Que sentido fazia receber cerca de 40€ de reembolso?
Independentemente do destino, a esta altura do campeonato já não ia encontrar um
voo tão barato. Ainda procurei outra companhia aérea de Basileia para
Estocolmo, mas o voo mais barato ultrapassava os 100€. Óbvio que não era
solução! Houve aqui um momento de drama, tragédia e horror, mas felizmente o
alojamento era reembolsável a 100% (algo que também não costuma acontecer nas
minhas opções, foi um feliz acaso), portanto era ir em busca de outras hipóteses.
Confesso, gosto de tirar o maior proveito dos contratempos. Por mim,
era escolher o destino mais longe e mais caro! Vais dizer que não pensavas o
mesmo, queres ver?! Por isso deitei mãos à obra e comecei a ver todas as
opções. Realmente o mais longe era o Egito, mas nem por isso era o mais caro…
Os voos estavam a uns 50€ ida e volta e os horários eram pouco proveitosos.
Também era para uma zona de praia, o que seria o oposto do que íamos encontrar
em Estocolmo. Dezembro é altura de mercados de Natal e Hurghada não deve ser
muito forte nisso… Ora bem… Mas o problema maior estava mesmo no facto de ao
sábado não existirem praticamente voos com saída de Basileia, logo ia
perder um dia já que só podia continuar a viagem no domingo. Dentro das outras
opções, e se fosse apenas eu a decidir, ia parar à Sérvia ou ao Kosovo.
Porquê?! Então por que não?! Tenho imensa curiosidade por estes países e
certamente que iria ficar muito surpreendida pela positiva e tinha uma grande
história para vos contar depois: “O dia em que fui parar à Sérvia/Kosovo em vez de Estocolmo”. As opções finais foram excelentes (já lá chegamos), mas agora
que escrevo isto, ainda sinto umas borboletas sorridentes e saltitantes na
barriga que não se tinham importado nada de ir até lá!
Pois bem, com trocas e baldrocas e tentativas de enquadramento, a
escolha não podia fugir muito disto: já que o dia de sábado estava,
aparentemente, perdido, fomos até Colmar (França) ver os mercadinhos de Natal e
no dia seguinte partimos para Copenhaga (Dinamarca).
Colmar era uma cidade que estava na minha lista há muito tempo, mas
estava guardada para a próxima vez que fosse até à Suíça, país que tenho ido
com alguma regularidade. Ainda assim, foi logo a primeira opção que surgiu na
minha cabeça e sem dúvida a mais acertada! Colmar é feita de pura magia na
época natalícia :) quanto a Copenhaga, estava um pouco desapontada, isto porque só lá ia ficar
48h e achava que esta cidade merecia mais tempo. É verdade que até merecia, mas
foram dois dias rentabilizados ao segundo! Andei muitos, mesmo muitos, quilómetros durante estes quase cinco dias, dormi pouco, mas não podia ter
ficado mais feliz com estas duas cidades que acabaram por me sair na rifa. Não
foi uma escolha inicial, portanto podia esperar tudo, mas o que mais se
sobressaiu foi a surpresa de uma cidade francesa que é um autêntico sinónimo do
Natal e uma cidade europeia onde me conseguia imaginar a viver.
Não escondo que fiquei bastante chateada nos primeiros minutos que
soube que não ia voar até Estocolmo, mas quando estas aparentes catástrofes nos
atingem devemos tirar o maior proveito delas e, acima de tudo, ser criativos e
mandar uma valente gargalhada. Afinal, vamos viajar na mesma e conhecer sítios
novos :)
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