O dia em que vomitei num recife de coral
Tenho mil
aventuras e peripécias que foram acontecendo ao longo das minhas viagens. Desta
vez, lancei um desafio aos meus seguidores sobre qual a próxima história que
queriam conhecer. Vá-se lá saber porquê, mas a mais votada foi mesmo esta, o
dia que vomitei num recife de coral. Um bocado estranho da vossa parte, não? Bem,
diria que é mais constrangedor da minha, mas vamos a ela!
Em 2009, fui à República Dominicana,
mais concretamente, Punta Cana. Esta foi a primeira grande viagem que fiz com
os meus pais e, sinceramente, por mais que venham, vai ser sempre a mais
especial! Nestes destinos das Caraíbas vivemos uma semana de sonho, com tudo do
bom e do melhor, num verdadeiro paraíso de águas tépidas e cristalinas, com
areia tão fina como farinha, onde o sol deixa a nossa pele realmente tostadinha
sem ser preciso estar em modo frango assado (vira para um lado e vira para o
outro). Aqui o tempo dá-nos a tranquilidade que precisamos e não há outro sítio
onde tenha estado que me deixasse a cabeça tão limpa e tão nas nuvens. Há aqui
uma bolha qualquer que te permite mesmo fazer um reset total! Diria que são as
verdadeiras férias de “papas e descanso”. Atualmente este não é bem o meu
modelo de viagem ideal. Prefiro explorar ao máximo um sítio em vez de ficar uma
semana de “papo para o ar”, onde o que acabo por conhecer é o resort e nada ou
pouco mais. No entanto, claro que adorei e afirmo com todas as letras que não
deixa de ser ótimo para quem procura realmente descansar.
Como já tinha esta veia inquieta de
querer conhecer sempre mais, fizemos uma pequena excursão em família à Isla
Catalina. A atividade que a maioria dos turistas costuma fazer é ir a Isla
Saona, onde numa parte em alto mar consegues ter pé. À primeira vista é
bastante interessante, mas a Isla Catalina ganhou logo quando nos disseram que
a meio do percurso íamos fazer snorkeling para apreciar um recife de coral.
Vamos, vamos, vamos!!! Para quem não sabe, snorkeling é a atividade em que
andas com os óculos e o tubinho à tona da água. Esta era a minha primeira vez
nesta modalidade e seria também a primeira vez que ia ver um recife de coral.
Se estava contente?! Estava doida!!!! Marcámos logo para o dia seguinte.
O dia começou bem cedo e seguimos
num mini bus. O percurso do resort até à ilha foi o único contacto real que
tive com a verdadeira República Dominicana, mas isso posso contar num outro
artigo.
Passámos por um grande rio, onde foram
filmados vários filmes como, por exemplo, o “Anaconda”. Fizemos uma breve
paragem numa cidade para admirar uma das maiores catedrais do país. Depois,
fizemos outra junto ao cais, onde seguimos de catamarã. Neste espaço estavam
cerca de quatro barraquinhas, cada uma a vender produtos diferentes e fiquei
impressionada com o facto de a carne estar exposta em cordas... Fiquei com um
nó no estômago.
Toda a paisagem envolvente era de
sonho! Muito mais bonita até do que as fantásticas praias do resort. Havia
palmeiras em todo o lado e a água era ainda mais azul! Começa aqui então a jornada
e entramos em alto mar. Só se levantava aqui um pequeno problemita, eu enjoo
muito a andar de barco... Estava extremamente confiante que todas estas
paisagens distraíssem o meu cérebro, mas bastaram uns minutos para começar a
sentir umas tonturas. Não dei parte fraca. Foram talvez uns 45 minutos até
chegarmos ao recife de coral e aí recompus-me. Equipei-me e mandei-me para a água.
Não queria acreditar no que os meus
olhos estavam a ver! Até hoje, foi das coisas mais bonitas e impressionantes
que já pude observar. Uma fila de corais de todas as cores, com peixes
igualmente coloridos. Era um verdadeiro arco-íris subaquático. Para teres
noção, estava tão espantada com esta beleza que, feita parva (porque não tenho
outro nome), estava constantemente a abrir a boca em forma de admiração. Óbvio
que engoli dez litros de água! Da superfície ao fundo do mar, distavam apenas 3
metros. Passei o tempo em modo golfinho, a vir acima e abaixo, sustendo ao
máximo a respiração para poder tocar em mais corais azuis e cor de rosa e
seguir os pequenos cardumes de peixinhos amarelos. Sentia-me uma verdadeira
sereia e até dava voltas enquanto nadava. Estava a ser um momento incrível! No
entanto, enquanto contemplava toda esta vida marinha, o meu corpo começou a dar
sinais de que não estava bem. Mais uma vez, tentei fazer com que a paisagem
envolvente enganasse os sintomas, mas a verdade é que acabou por piorá-los...
Tudo à minha volta estava em
constante movimento. O mar tinha uma pequena ondulação. O barco estava a
baloiçar. Os peixes estavam a nadar de um lado para o outro. Os corais agitavam-se
em movimentos lentos. As pessoas davam às pernas para, de uma forma natural, se
manterem à superfície. A terra firme estava lá longe, mas ainda me passou
seriamente pela cabeça “e se fosse a nado?”. Sabia que se regressasse ao barco
era a morte do artista, portanto fiquei na água até ao último segundo possível.
Ali, pelo menos, sentia menos movimento, apesar de o ver.
Estivemos mais de uma hora na água e
chegou a altura de ir embora. Um a um, lá foram subindo de novo para o
catamarã, cheios de sorrisos no rosto e dezenas de fotografias nas ainda
máquinas digitais. Para último fiquei eu. Por mais sinais que me fizessem para
regressar, não me conseguia mexer. Estava terrivelmente mal disposta. E do
barco lá continuavam os guias, a esbracejar cheios de alegria a dizer que íamos
almoçar e que a aventura ainda não tinha acabado. Comida, tudo o que eu
precisava de pensar naquele momento... Lamento. Foi mais forte do que eu. Um
repuxo enorme saiu de mim e quem serviu o almoço fui eu, mas aos peixes! Eram
dezenas ali, todos à minha volta numa luta desenfreada para ver quem comia
mais. Que cenário de nojo! Então, eu andei tanto tempo a admirá-los para agora
acabarem em cima de mim a alimentarem-se do meu vómito?! Foi mau demais! Além
de estar terrivelmente envergonhada por estarem umas 30 pessoas no barco com os
olhos postos em mim e a rir, ainda tinha de estar a desviar peixes neste
momento.
Respirei. Mandei todos os bichos à
vida deles e dei aos pezinhos até chegar ao catamarã. Nem uma pessoa me ajudou
a subir. Nem os meus próprios pais! Estavam a olhar para mim e a rir à
gargalhada. Lembras-te de ter dito que aqui o sol te deixa um bronzeado incrível?
O meu desapareceu neste instante, fiquei branca como uma parede.
Chegámos à Isla Catalina em poucos
minutos: finalmente terra firme! Mandei-me para a areia e ali fiquei a recuperar
forças. Entretanto o almoço estava servido. Lembro-me que comi apenas uma pata
de frango, já que também não me tinha esquecido da barraquinha que tinha a
carne nas cordas. Deliciei-me depois com fruta, a mais saborosa que comi até
hoje. Já estava a ganhar cor e energia outra vez, então a minha mãe achou que
era giro irmos as duas fazer uma massagem, coisa de mãe e filha, à beira da praia,
para marcar aquele momento e relaxar. Pareceu-me bem. Só foi pena que tenha
sido a pior massagem de todo o sempre. Como tínhamos o corpo cheio de areia,
aquele foi mais um momento doloroso de exfoliação do que uma massagem relaxante,
mas pelo menos apurou-me os sentidos. Voltei para a areia e preferi ficar a
absorver o que estava à minha volta. Que sítio tão bonito!
Quando chegou a hora de ir embora,
pensei que pudesse ter uma repetição daquele momento fatídico, mas felizmente o
catamarã foi com mais velocidade e assim nem sequer dava para sentir qualquer
ondulação. Os guias meteram uma música do Bob Marley. Algumas pessoas começaram
a dançar. Estávamos a afastar-nos daquela ilha e só via palmeiras a ficar para
trás. Achei-me a miúda mais sortuda do mundo por estar a viver aquele momento
e, neste paraíso, deixei a minha marca!
Segue as minhas aventuras no Instagram :)
Olha eu não vomitei no recife, mas vi quem vomitou ahaha. Foi na República Dominicana. Mar azul lindo e pedaços de pão! Que nojo!
ResponderEliminarAhahahah pessoas sem nível essas que vomitam no mar paradisíaco da República Dominicana xD agora era giro descobrires que quem viste era eu...
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