Como visitar um bunker em Berlim?


   


    Em dezembro visitei Berlim pela segunda vez e, mesmo apesar do frio de bater o dente, foi uma ótima maneira de fechar as viagens de 2018. Berlim não é das minhas cidades preferidas, mas proporcionou-me uma das melhores experiências que já tive: visitar um bunker. Não é dos locais mais bonitos que podes conhecer, mas tem uma importância histórica tão grande que faz com que seja um sítio de visita obrigatória.
    Durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), Berlim teve mais de 3 mil bunkers. Estes espaços subterrâneos não serviam apenas de escritórios secretos para Hitler e os seus braços direitos planearem formas de expandir o chamado "espaço vital alemão", programar movimentos de guerra ou encontrar novos métodos de exterminar todos aqueles que não correspondiam à raça ariana. Os bunkers também serviam como refúgios para a população se proteger enquanto decorriam ataques aéreos.
    Na verdade, estas construções apenas começaram a ser feitas em maior número a partir de 1941, e porquê? Porque, em primeiro lugar, não se pensava que a guerra fosse durar tanto tempo e, em segundo, porque a Segunda Grande Guerra teve uma nova forma de ataque: o ar. Até então, os movimentos de guerra habituais ficavam-se por tomar aldeias e cidades por terra, com a força das armas e a ocupação de espaços de poder importantes. Já nesta altura, a guerra fazia-se pelo ar, com a força de bombas que devastavam tudo onde caíam. Pelo aumento dos bombardeamentos aéreos, começaram a construir-se bunkers para proteger a população.
    A quem já visitou Berlim, ou está a planear fazê-lo, conhecer um bunker talvez não conste nos pontos de maior interesse dos roteiros que consultaste, ou nem te passou pela ideia. Mas, se existiam milhares, como é que agora passam tão despercebidos? A resposta é simples. Com a derrota da Alemanha na Guerra e com todas as sanções que lhe foram aplicadas pelos Aliados (EUA, França e Inglaterra), 80% dos bunkers foram destruídos como forma de desmilitarização do país. Mas vê só o que eu descobri… O Berliner Unterwelten.
    Esta é uma associação que tem como principal objetivo preservar a história do subsolo, onde estão incluídos os bunkers. Aquele que eu visitei é um dos poucos que permanece completamente intacto e, dado o contexto que referi, deves estar a questionar-te o que é que tem de especial para não ter sido destruído. A razão está na sua localização: o metro. É verdade… Este bunker fica dentro da estação de metro de Brunnestraße. Como havia espaço de construção aqui, decidiram aproveitar esta infraestrutura para fazer um refúgio para a população. Também como o metro é uma zona com grande afluência de pessoas, juntou-se o útil ao agradável – ter espaço e um fácil acesso. Com o final da Guerra, os Aliados perceberam que era preferível encerrar completamente as portas a este local do que destruir uma estação de metro. Foi assim que sobreviveu!


Como visitar

    Para fazeres uma visita guiada é muito simples, basta te dirigires a este local e ingressar numa das dezenas de tours que há por dia. O bilhete tem um custo de 12€ para adultos e 10€ para estudantes. Não há possibilidade de fazer reservas ou compra online, tens mesmo de ir ao local para adquirir a entrada. Entre espanhol, inglês, alemão, francês, italiano e dinamarquês, podes escolher o idioma do teu guia. Aqui é muito importante consultares previamente o horário de cada visita e estar lá com algum tempo de antecedência. Há quatro temas diários, escolhe o que te suscitar maior interesse ou vai apenas no horário mais conveniente, tenho a certeza que qualquer uma das visitas vai valer a pena.
    Já sabes o local onde podes encontrar este bunker, já sabes a forma de comprar bilhetes e isso é o mais importante. Não vou revelar nada do seu interior, pois quero que, como eu, sejas surpreendido por tudo o vais ver e ouvir. Há muito tempo que não tinha uma surpresa tão agradável por algo que tinha tão pouca informação. Talvez por isso tenha sido uma das melhores experiências que tive recentemente.


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